Carta de New York

A vista da minha janela do Riverside Tower

 

Oi Amor,

Como diria o Joaquim para a Maria, cá estou eu na Big Aplle, no West End de Manhattam.

Por aqui foi ambientada a mais famosa ópera pop americana e que depois foi um grande filme do mesmo nome, West Side Story: um casal de jovens pobres do West End, que sonhava ser famoso e conhecido no East Side, a parte chic de Manhattam, o uppertown.

Como em todos os “american tales”, que só têm além das novelas mexicanas, o savoir faire, após os dois sofrerem muito com a injustiça e a indiferença da sociedade “casual cruel”, conseguem se fazer notar no East Side e passear na sidewalk da Park Avenue com ares de Misses Robinson e David Rockefeller.

Será que depois disso eles foram dar uma voltinha, com ar de déjà vu, pelo West End?

Mas daquela época para agora até que o West Side melhorou.

Como fica “by the river”, tem aquele ar bucólico do interior: é uma New York de 1930, quarenta e oito blocos away do burburinho modernoso da Times Square.

Até parece que não é aqui a meca do capitalismo globalizado: o pessoal não está com pressa! Até o elevador do hotel é mais lento que o do Ana Laura.

Ah! O hotel! Pois é... É o Riverside Tower, que fica no 80, da Riverside Drive, no West End.

Quando eu procurava, na internet, onde ficar, fugindo dos preços de Manhattam, pois que até agora não consegui achar o nosso “apê” de dois milhões de dólares por aqui, eis que me apareceu na tela, a módicos U$65,00 por dia, o que para NY é uma pechincha, a pousada que agora me encontro.

Dizia o release que era um hotel de 1928, reformado totalmente em 1995, mantendo o ar original da construção que, adicionado à localização do West End, hoje um pacato e seguro bairro residencial de classe média, acrescido ainda ao fato de ser o único hotel em NY à beira do Hudson River, tornava uma experiência magnífica hospedar-se nesta dádiva da economia.

Era isto ou o Queen Victoria, de mesmo preço, no coração do Harlem.

Fiquei até tentado a arriscar o Victoria. Afinal, foi lá que o Comandante Fidel se hospedou, de pirraça, quando veio a New York, após colocar o Tio Sam para correr, ou melhor, nadar, de Cuba.

Concluí que longe se vão os meus tempos de luta armada: entre os perigos do Harlem e a pacatez conformada dos medium class do West End eu ficaria com este.

É lógico que a minha opção favorita seria mesmo o The Plaza ou o Waldorf Astoria, todavia, como a nossa conta bancária não é tão generosa assim, eles ficarão sem a minha honrosa presença no concierge: pior para eles.

Mas bem, o Riverside Tower de fato custa o que foi anunciado. É verdade também que foi feito em 1928.

Mas não é verdade que foi reformado. Só o pintaram. E o pintor não efetuou lá um bom serviço, principalmente no meu apartamento, o 87.

Aliás, é muita audácia chamar isto de apartamento: na verdade é uma cela.

Juro pela hóstia santa! Tem no máximo um metro e meio de largura por dois de comprimento.

Estou aqui digitando sem poder abrir os braços. O banheiro tem que entrar de frente e sair de ré: não dá para virar lá dentro.

O carpete ainda é o de 1928. Carpetes bons os de antigamente.

Well, mas a vista aqui do oitavo é de fato bonita. Inquestionavelmente é o único hotel na Big Aplle que dá vista ao Hudson.

Deve ser a vista que custa U$65,00 ao dia. A hospedagem é grátis. Nada mais justo!

Ai querida, o mundo visto sem você ao lado não tem a mesma graça. New York fica algo assim como São Paulo. Mas o Hudson não será jamais como o Tocantins...

Beijo.

Nas meninas também.

See you,

Parsifal